Nos mínimos detalhes

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Por vezes ouvimos falar de feitos maravilhosos protagonizados pelo homem (viagem à lua; invenção do computador; picolé de uva) e pensamos: que orgulho pertencer a essa raça.
Aí, no dia seguinte, ligamos a televisão e assistimos a guerras estúpidas, corrupção desvairada, musical do Xitãozinho e Xororó e pensamos: que merda pertencer a essa raça.

Orgulhosos ou envergonhados de sermos seres humanos, o certo mesmo é que ninguém duvida da nossa pouca capacidade de raciocínio. Não? Você, crédula leitora, inefável leitor, pensa diferente? Acredita que somos realmente inteligentes? Sinto dizer, mas Deus discorda de vocês – ou pelo menos discordava.

Digo isso imaginando que os leitores já ouviram falar dos Dez Mandamentos, valiosos preceitos que deveriam pautar nossa conduta aqui na terra e que nos foram dados por Deus por meio de Moisés, que foi ao monte Sinai recebê-los. Pois bem, se prestarmos bastante atenção, veremos que os mandamentos poderiam ser resumidos em apenas um, o primeiro deles, o “Amarás a Deus sobre todas as coisas”, acrescido de “… e ao próximo como a ti mesmo”. O resto e corolário lógico (gastei agora, hein?).

Se você ama a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a si mesmo, você não mata o próximo. Se você ama a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a si mesmo, você não rouba o próximo. Se você ama a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a si mesmo, você respeita pai e mãe, não dá falso testemunho e nem usa o nome Dele em vão.
Só por isso já dá para perceber que Deus não botava muita fé na nossa capacidade de discernimento, pois ao invés de sintetizar os mandamentos em apenas um, o que seria satisfatório se fôssemos bons entendedores, Ele deu uma detalhada. E ainda assim não foi o suficiente.

Na verdade, Ele deveria ter descrito tudo, tin-tin por tin-tin como deveria ser a nossa conduta – até que os homens devem levantar a tampa da privada quando forem somente fazer xixi -, e só não o fez porque naquele tempo ainda se escrevia na pedra e Moisés, já velhinho e cansado de vagar pelo deserto por quarenta anos, teria dito que não tinha forças para levar mais do que duas tábuas. Deu no que deu.

José Carlos Botelho Tedesco (Alemão Tedesco) é advogado, pai do Luigi, namorado da Juliana, filho do seu Tedesco e da professora Maria Antonia

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