Há uma série de coisas em nossas vidas que a gente só aprende com o passar do tempo. Não é em vão que dizem por aí que “a vida é uma escola”. Porém, a meu ver, se a vida é uma escola, a escola também ajuda muito na vida.
Mas tem pessoas que afirmam que a “escola não ensina”. E esta frase foi tema de uma palestra do Bill Gates, cujas colocações principais da palestra já disse em artigo recente.
Mas a escola tem no bojo de sua proposta “ensinar para a vida”. Todavia, vamos a apenas a um item em que a escola falha bisonhamente: a pontualidade. Vejamos: quando um aluno chega depois do sinal, normalmente por comodismo (há exceções) e encontra os portões dos alunos fechados. Aí ele entra pela porta da frente como se tudo estivesse ocorrendo (ou correndo) normalmente. Para os alunos que estudam á noite, há uma certa tolerância, principalmente para os que trabalham e às vezes deixam o serviço muito próximo do horário da primeira aula. Contudo, também aqui, a maioria abusa desse expediente.
Então vejamos: Esse mesmo aluno que chega a hora que quer na escola e entra a hora que bem entender (não é bem assim, eu sei), ao deixar a vida escolar, após concluir o Ensino Médio, resolve, como quase todo mundo, arrumar um emprego. Primeiro ele vai ter dificuldade de passar no teste, porque o aluno que fôra relapso em termos de pontualidade e de assiduidade, certamente não fazia parte dos alunos sérios da escola. Se, por sorte, passar no teste, vai pegar a maior “pedreira” de um novo emprego: passar na experiência.
Aí ele pensa que aprendeu na escola e resolve entrar “pela porta da frente” depois de dar o sinal (o sinal das indústrias normalmente é dado por uma sirene, muito parecido com os sinais das escolas, apenas um pouco mais “ardido”). Neste momento o folgado é barrado pelo inspetor de alunos? Não. Ali a coisa é mais dura: é barrado pelos guardas da portaria, que vão dizer calmamente:
-Sinto muito, o senhor não vai entrar; está atrasado.
-Mas eu perdi o ônibus, estava chovendo, minha mãe perdeu a hora, etc, etc.
-Engraçado (poderia passar pelas cabeças dos guardas): será que estava chovendo só na rua desse “pião”? Ou então: Será que esse cara não acha que é crescidinho o suficiente para não depender mais da mãe? Ou, ainda: “esse malandro estava jogando sinuca no “buteco” do “Chico Tripa” e perdeu a hora.
-Não seu guarda, dá uma chance, que eu não vou mais atrasar. Sabe, lá na escola a gente entrava atrasado numa boa quase todos os dias… e…. Quando dava problema, minha mãe ia lá e “quebrava o galho”
-Sinto muito. E… coitada da sua mãe! Ou se for um guarda globalizado vai dizer: I’m sorry! Ou apenas “Sorry!”, para quem é mais íntimo com o Inglês.
Para por aí? Não! O guarda comunica sua chefia, que comunica o chefe da seção, que comunica o departamento pessoal, que comunica o setor de pagamento, que desconta a hora ou o dia perdido, que desconta o repouso remunerado (domingo e feriado da semana), que desconta parte das férias, etc. etc. O chefe da seção, ou o encarregado vai advertir verbalmente. Como se trata de uma experiência, um erro é fatal. O mais provável é que seja imediatamente despedido. Ou, na reincidência, receberá uma advertência escrita e depois o famoso ra, ré, ri, ro, rua!!!
Viu? Aí é que entra o papel da disciplina nas escolas. E olham que abordei apenas a pontualidade!
O lado bom disso tudo é que algumas pessoas, mesmo as que estão empregadas e que pensam que a escola não ensina, estão convictas de que: “se é difícil” com a escola, pior sem ela. E acabam voltando aos estudos depois de terem parado por muito tempo. Não é maravilhoso?! E isto, cá entre nós, é uma prova inconteste de que a escola ensina… e muito.
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Lourival S. Bortolin