Lá estava eu, pregado na cruz, com o corpo sangrando – resultado das perfurações e chibatadas – e as pernas e costas ardendo de dor – conseqüência de um velho problema no ombro combinado com a posição que o crucificado é obrigado a ficar -, aguardando a oportunidade de dizer ao Salvador aquilo que me incumbia dizer; chegada a hora, repreendi o outro ladrão crucificado que blasfemava, me dirigi ao filho de Deus e disse:
“Jesus, lembra-te de mim quando tiveres entrado no teu reino.”
Ele, como resposta, e não se esperava outra coisa, em razão do meu arrependimento e de sua bondade, me garantiu a entrada no céu, destino de todos aqueles que se arrependem dos pecados cometidos e são perdoados.
Foi assim, singela mas emocionante – ao menos para mim -, a minha participação na última encenação do nascimento, vida, morte e ressurreição de Cristo, quando então, mais uma vez, tomei o lugar de Dimas, o “bom ladrão”, crucificado à direita de Jesus.
Não sei muito sobre o personagem, nem mesmo se morreu antes ou depois do filho de Deus. Sei apenas que era ladrão e que se arrependeu, na última hora, dos seus erros.
E já que estamos falando de arrependimento, aconselho aos leitores, se é que alguém quer conselho meu, a não deixarem para se arrepender na última hora; primeiro, porque pode não dar tempo, depois, porque ainda que haja tempo para isso e você vá para o céu, levará consigo o peso de ter perdido a oportunidade de ter agido corretamente durante uma vida inteira.
PS. A crônica acima é antiga mas, por seu conteúdo, é sempre atual (sempre temos um pecado para nos arrepender, ou lamentar)
José Carlos Botelho Tedesco (Alemão Tedesco) é advogado e mora no oeste paulista. e-mail: zeum@uol.com.br / Facebook: Alemão Tedesco e Alemão Tedesco II / Twitter: @alemaotedesco