É lugar comum dizer que os seres humanos não usam nem 10% da capacidade do seu cérebro – e isso sem adentrar na questão da cor dos cabelos das mulheres -, tanto que existe até música do Raul Seixas que diz algo parecido.
Pessoas que assistem a filmes de ficção científica estão especialmente familiarizadas com essa questão, isto pelo fato de que não há um só filme em que extraterrestres que pretendem invadir a terra não mencionem a nossa imensa ignorância em relação aos mistérios do universo e ainda façam pouco da nossa limitada inteligência. Por essas e outras tenho como certo que somos, realmente, umas “bestas”, para não dizer “burros”.
Só que eu não esperava, provavelmente nem mesmo os ETs esperavam, pelo surgimento da ampaquina que, tudo indica, pode revolucionar o funcionamento do nosso cérebro e, consequentemente, o planeta, quiçá o universo.
A ampaquina, segundo um artigo que li no jornal O Estado de São Paulo, no caderno aliás, é uma substância, ou um elemento, sei lá, que tem o poder de tornar os estímulos elétricos que ocorrem entre os neurônios mais potentes; quer dizer, com o uso da ampaquina a promessa é de que nosso cérebro será mais rápido, capaz de processar mais informações, enfim, essa tal de ampaquina poderá nos tornar superinteligentes, muito embora, a princípio, os pesquisadores estejam desenvolvendo um remédio com base nessa substância para dar maior “durabilidade” ao cérebro, de modo a evitar anomalias em seu funcionamento, tal como os quadros de demência.
Mas será que é nisso mesmo que a indústria farmacêutica está pensando? Tenho minhas dúvidas.
Segundo o cálculo dos laboratórios, a utilização da ampaquina estará disponível para uso em humanos daqui a aproximadamente 20 anos, o que significa dizer que, em duas décadas, quem tiver muito dinheiro para comprar o “ampaquinarex” – que certamente não vai custar barato – potencializará o uso do seu cérebro e ficará, lógico, mais inteligente que os desprovidos de riqueza, também conhecidos como pobres.
Se o leitor imagina que essa situação se assemelha ao atleta que atua dopado e, portanto, têm uma vantagem indevida sobre os demais competidores; que isso é antiético e imoral, eu concordo e assino embaixo. Mas que vai acontecer, isso vai.
P.S. Se alguém for procurar “aMpaquina” no dicionário, provavelmente não vai encontrar. Se procurar no Google, acha, desde que não faça como eu que, com minha limitadíssima inteligência, estava procurando por aNpaquina.
José Carlos Botelho Tedesco (Alemão Tedesco) é advogado e mora no oeste paulista. e-mail: zeum@uol.com.br / Facebook: Alemão Tedesco e Alemão Tedesco II / Twitter: @alemaotedesco