Artigo – A Importância da Feira Livre

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Com a facilidade e modernização dos produtos industrializados, as grandes empresas e mercados conquistaram espaço e a preferência de uma grande camada dos consumidores. Mesmo assim, as feiras livres resistem e perduram por séculos, e esperamos que sem previsão de acabar.

As primeiras feiras livres tem sua origem na necessidade de troca dos mais variados produtos entre as pessoas. Foi a partir de muitas delas que surgiram, ao seu redor, a expansão de comércios e povoados que hoje são grandes centros. Sua importância advém da diversidade de produtos que normalmente podem ser negociados com preços mais baixos e na maioria das vezes superando a qualidade de outros estabelecimentos. Além disso, ela resgata os valores culturais populares, e estimula uma relação mais conexa com a comunidade.

A feira livre se tornou um marco na identidade de um povo. Já em relação a sua importância no setor econômico podemos dizer que as mesmas são representativas, pois dão oportunidade a dezenas de famílias, além de ser um significativo canal de distribuição de hortifrutigranjeiros e outros produtos para os consumidores e, em função disso, pode-se afirmar que se trata de uma atividade economicamente relevante para o município e seus cidadãos.

Talvez um dos charmes das feiras sejam as famosas frases: Só hoje freguesia; É para acabar; Banana por preço de banana. Esses “gritos” são os únicos capazes de atrair pessoas, que procuram algo além de um código de barras.

Conforme relatos de feirantes metade dos consumidores vêm atrás de preço e a outra metade porque gosta de conversar e encontrar amigos. Eis aí a principal vantagem de uma feira livre em relação aos supermercados, pois os feirantes podem estreitar cada vez mais seu relacionamento com a clientela a fim de tentar torná-la fiel.

Outra característica considerável é a oportunidade da comercialização dos produtos da agricultura familiar, fomentando assim a necessidade de inseri-la na pauta de programas de desenvolvimento rural, com o argumento de que a feira gera trabalho e renda no campo, dinamiza a economia local e contribui com a segurança alimentar para a população urbana, além da dimensão sócio cultural e trocas de conhecimentos e informações.

Embora muitas vezes as feiras não tenham destaque nas políticas públicas municipais, o que se percebe é que ela possui grande envolvimento e aceitação da comunidade local.

Na Estância Turística de Presidente Epitácio o hábito de ir à feira sobrevive com destaque. É comum observarmos famílias que após as celebrações religiosas de domingo de manhã, se encontram para comer pastel com caldo de cana ou tubaína. O saudosismo nos invade quando nos lembramos de personalidades marcantes como tia Esthefânia e tio Machadinho da barraca de pastel, que muitas vezes saciaram nossos apetites com gostinho de quero mais. Enfim, vale a pena cultivar essa tradição e colaborar com o trabalho desses guerreiros que enaltecem nossa cultura nos proporcionando um espetáculo a parte, através de um show de cores, aromas e sabores. Para terminar, podemos lembrar uma frase de Paulo José de Oliveira, que diz: “Um povo que não se preocupa em preservar sua memória perde-se na história e se aniquila a curto prazo, na sua cultura”.

Até a próxima!
Wantuyr Tartari