Em reunião mensal, a Sociedade dos Livres Pensadores recebeu no último sábado (29) o psicólogo e docente João Renato Pagnano na fct Unesp para uma reflexão sobre “Amor em tempos de crise”. Em sua transmissão, falou sobre a essência do amor na psicanálise de Lacan, mito de Aristófones e amor nas artes.
O amor é discutido desde a mitologia grega. Segundo Aristófanes, no início dos tempos os homens eram seres de duas cabeças, quatro pernas e quatro braços. Porém, considerando-se seres tão bem desenvolvidos, desafiaram Zeus, que após vencer a batalha, castigou os homens por sua rebeldia, separando-os e fazendo com que cada um saísse à procura da sua outra metade, sem a qual não viveriam. Tendo assumido a forma que nós temos hoje, os homens procuram sua outra metade, pois a saudade nada mais é do que o sentimento de que algo nos falta, algo que era nosso antes. Por isso, os homens vivem em sociedade, e nessa relação amorosa, manter a sua sobrevivência.
O amor está em todos os âmbitos da existência humana, desde o momento em que nascemos até o dia que morremos. Seja o amor por nossa mãe, pai, família, relações, momentos e desejos, é o sentimento que mais traz conflitos, inseguranças e incertezas, mas o que nos diferir do animal selvagem.
E com essa turbulência, fica uma questão que é impossível de respondê-la objetivamente: existe alguma fórmula de amar que não seja o de sofrer? Na arte, o sofrimento e o amor estão diretamente ligados, seja nas letras de músicas, literatura ou nos filmes de romance. A dor pelo amor incerto está presente desde os contos de fada infantis até os mais complexos de Shakespeare.
Em sua leitura João Renato se baseia o trabalho no campo do psicanalista Jacques Lacan e a influência do desenvolvimento psicossexual proposto por Freud (fase oral, anal, fálica, latência e genital). Freud dizia que, quando uma pessoa está apaixonada, ela se torna incrivelmente frágil, isso acontece porque nossa mente, tende a concentrar seus esforços, sua libido, sua energia, na pessoa que é alvo do nosso amor. Já quando um indivíduo está seguro de ser amado, se torna incrivelmente forte.
Se relacionar é poder estar com alguém que não é exatamente aquele que eu buscava, o próprio sujeito é o representante de um substituto para outrem. “A verdade nunca é absoluta e completa, muito menos no amor. Visto o que Lacan disse “amar é dar o que não se tem para quem não é””, salienta João Renato. E a cura da psicanálise é ajudar aprender a desejar outras coisas que façam sentido em sua singularidade.
Assessora de Imprensa / Francinara Nepomuceno