Os dados do Ministério da Saúde são de 2017. Recomendação é que 95% das crianças de até 1 ano estejam vacinadas.
Segundo o Ministério da Saúde, mais de 300 municípios brasileiros não vacinaram nem metade dos bebês de até um ano contra a poliomielite.
A poliomielite desapareceu do Brasil e da memória de muita gente.
“Não lembro, há muito tempo não ouço essa palavra”.
Mas não sumiu da lembrança do José Maria. As marcas estão no corpo dele. Ele pegou pólio quando tinha seis meses, num surto que ocorreu em São Paulo, há 55 anos. Fez 12 cirurgias, mas nunca conseguiu andar normalmente.
“Uma doença que me deixou uma sequela grande e que é bem dolorosa, o tratamento dela é bem doloroso”, afirma o gerente de logística José Maria Moreno.
A poliomielite, que também é conhecida como paralisia infantil, é transmitida por um vírus.
Em posto de saúde, geralmente, tem muita criança precisando de atendimento médico, mas nem sempre é o que acontece. A sala da vacina, em um dos postos, não tinha ninguém. O último caso de pólio no Brasil foi em 1990, há 28 anos. Isso não significa que o risco tenha desaparecido.
Os dados do Ministério da Saúde mostram que 312 cidades do país não conseguiram vacinar 50% das crianças de até um ano.
Alguns municípios contestaram os dados do ministério, que são de 2017. Mas a recomendação é que 95% das crianças estejam vacinadas.
“É fundamental continuarmos vacinando, porque a vacina é um dos instrumentos mais precisos em saúde pública que temos”, afirma Helena Sato, diretora de Imunização da Secretaria de Estado de São Paulo.
Para proteger as crianças são necessárias cinco doses da vacina contra a pólio. Aos dois meses, aos quatro e aos seis meses de idade. Com um ano e três meses, tem um reforço, e a dose final é dada aos quatro anos.
“A falta de conhecimento, a falta de percepção de risco, certamente contribui para a baixa procura das vacinas. Se nós baixarmos a guarda, mantivermos nossa população com baixas coberturas vacinais, é um campo propício para a reintrodução de doenças, como a poliomielite”, explica Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunização.
A vacina é a única forma de prevenir que outros brasileiros passem pelo que o José Maria passou.
“Gente, pais, levem seus filhos para vacinar, porque a doença existe, ela não está erradicada, e é muito doloroso se uma criança pega essa doença hoje em dia, apesar de ter toda essa tecnologia, ela é irreversível, ela não tem cura, se pegar, ela aleija mesmo”, alerta José Maria.
O Ministério da Saúde afirmou que trabalha com estados e municípios para garantir a imunização necessária. E que, entre as medidas, está a possibilidade de mudança nos horários de vacinação.
O ministério também reforçou a importância de que todas as crianças compareçam, no mês que vem, à Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite que começa no dia 6 de agosto.
fonte: JORNAL NACIONAL