Em pouco mais de 40 dias desde a virada do ano, a Petrobras já anunciou três aumentos de preço para a gasolina nas refinarias e dois para o diesel. Em 18 de janeiro, a estatal aumentou a gasolina em 7,6%, e no dia 26 teve um novo acréscimo de 5%, mais 5% no diesel.
O último anúncio foi nesta segunda-feira (8), com aumento de 8% na gasolina e 6% no diesel. Ou seja, em dois meses, a gasolina já subiu 20,6% e o diesel 11% no valor cobrado nas refinarias. De sobra, no mesmo intervalo a Petrobras divulgou dois aumentos para o Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), popularmente conhecido como gás de cozinha, somando alta de 11%.
A sequência de reajustes é reflexo da valorização do petróleo no mercado internacional, ao mesmo tempo que o real se mantém fraco ante o dólar. Como esse cenário não dá sinais de regressão no curto prazo, especialistas são enfáticos ao afirmar que novos reajustes estão a caminho, e devem acontecer ainda neste mês.
O movimento da Petrobras é justificado pela valorização do barril de petróleo no mercado internacional desde o segundo semestre do ano passado, quando o mercado financeiro começou a projetar o crescimento da economia mundial em 2021. Essa especulação fez o valor do petróleo brent — usado como referência para a Petrobras —, pular de US$ 23 o barril em março de 2020, no auge da crise gerada pela Covid-19, para US$ 54 em janeiro, segundo levantamento da LCA Consultores.
O otimismo com a recuperação da economia deve fazer o barril bater média de US$ 59 neste mês, dando margem para novos reajustes na gasolina e diesel. “Não há fôlego para manter esse ritmo de crescimento até o fim do ano. Estes ajustes estão acontecendo e terão mais impacto no curto prazo”, afirma Fábio Romão, economista sênior da LCA.
Apesar dos postos de combustíveis não repassarem todo o percentual de reajuste aos consumidores, a cada nova mudança na refinaria, sobe o valor nas bombas. Em maio de 2020, o preço médio da gasolina estava em R$ 4,01, enquanto o diesel custava R$ 3,20. Dados da LCA mostram que o preço da gasolina saltou para R$ 4,61 em janeiro, enquanto o diesel foi para R$ 3,68. Com os novos reajustes, a gasolina deve chegar a chegar a R$ 5 a partir de maio, e se manter nesse valor até dezembro. Já o diesel deve rondar a casa de R$ 3,90.
Os desafios logísticos para a imunização e a falta de insumos para a produção de vacinas devem arrefecer o otimismo do mercado financeiro nas próximas semanas, desinflando a especulação que faz o valor do petróleo disparar. A previsão é que o preço do barril já baixe para pouco mais de US$ 57 em março e fique na linha de US$ 55 a partir de abril até o fim do ano.
Ao mesmo tempo, o dólar, que atualmente ronda R$ 5,40, deve começar a perder força ante o real. Economistas e entidades do mercado financeiro ouvidos pelo Banco Central estimam o câmbio a R$ 5,01 ao fim deste ano, segundo o Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira. “Os novos reajustes não terão mais a mesma intensidade. Como há a questão da defasagem entre o anúncio na refinaria e na bomba, é possível que os preços se estabilizem para os consumidores até abril”, afirma Romão.
As informações são da Jovem Pan.