A Secretaria de Saúde da Estância Turística de Presidente Epitácio promoveu um encontro de agentes da rede de atenção integral a pessoas em situação de violência sexual, no Armazém Cultural “Helena Meirelles”, nesta quinta-feira, (07). Entre os participantes representados estavam: GVE de Presidente Venceslau (Grupo de Vigilância Epidemiológica), Santa Casa, Polícia Civil, Conselho Tutelar, OAB Presidente Epitácio, setor de IST/Aids e setor de regulação.
Para abrir o encontro, representando o Secretário de Saúde Municipal, Marcírio Rolim, o médico da regulação, Matheus Tostes, destacou a importância de uniformizar o atendimento em todas as unidades de saúde, a fim de garantir a qualidade da avaliação primária, em especial em casos de violência sexual, pois o prontuário médico serve como evidência na sequência da investigação que será conduzida pela Polícia Civil.
“A pessoa que sofre uma violência sexual, sendo a maioria dos casos mulheres, crianças e adolescentes, chega ao atendimento de saúde muito fragilizada, por isso, além de saber o que fazer, quem acionar e quais exames realizar, o acolhimento é fundamental, pois existe um alto risco de descontinuação para outros serviços de apoio, e a atenção básica é uma das portas de entrada para a vítima dar sequência na denúncia”, pontuou o Dr. Matheus.
Com o intuito de esclarecer o trabalho da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), unidade especializada em atendimento às mulheres em situação de violência da Polícia Civil e as atuações da Polícia Militar em ocorrências de violência sexual, o Delegado Cláudio da Polícia Civil de Presidente Epitácio reforçou o papel do atendimento primário de saúde, e o que fazer quando a vítima não quer denunciar à polícia.
“Há muitas razões pelas quais pessoas permanecem em relações violentas. É importante não julgar e não as pressionar. Além da polícia, existem outros serviços que são referências no cuidado de pessoas que sofreram qualquer tipo de violência, como o CREAS e para casos envolvendo crianças ou adolescentes, é importante acionar o Conselho Tutelar. Caso a vítima não registre boletim de ocorrência, a assistência prestada permanece no âmbito da saúde e da assistência social, salvo em casos excepcionais nos quais o profissional deve quebrar o sigilo e acionar as instituições de segurança pública”, aponta o delegado.
O acolhimento às vítimas de violência sexual deve ocorrer em local adequado que garanta o direito a privacidade, e envolve uma série de medidas preventivas e terapêuticas. “O atendimento deve incluir a abordagem profilática rápida e abrangente, preferencialmente nas primeiras horas após a agressão. A intervenção é destinada a evitar a gravidez decorrente da violência sexual e reduzir o risco de infecções sexualmente transmissíveis (IST), incluindo HIV, hepatites virais, e outras”, explicou o enfermeiro e coordenador do programa DST/Aids, Patrick Perosso.

Representando a Santa Casa de Presidente Epitácio, as enfermeiras Valdirene Neves e Valdirene Almeida relataram os procedimentos adotados na unidade de saúde, quando um paciente procura por atendimento e apresenta sinais de violência. “O atendimento na rede de saúde, por vezes, é a primeira oportunidade de revelação de uma situação de violência, por isso os profissionais devem estar abertos a ouvir, não julgar ou induzir respostas, pois esse momento pode influenciar na decisão da pessoa de denunciar a situação ou não”.
A presidente da OAB da 120° subseção de Presidente Epitácio, Ana Paula Lima Ferreira, exaltou a disponibilidade da Comissão da Mulher Advogada, órgão da OAB que promove a igualdade de gênero e monitora questões de gênero a fim de propor políticas de equidade, contribuindo na construção de um ambiente jurídico mais justo e igualitário.
“Podemos organizar palestras com temas que estão relacionados à manutenção de relacionamentos violentos. E a OAB Epitácio está trabalhando para acelerar a implantação do projeto OAB Por Elas no município, que fornece atendimento jurídico, em especial a mulheres vítimas de violência doméstica”, destaca a presidente, Ana Paula.
Por fim, o conselheiro tutelar, Willians Bispo apresentou a ficha de notificação que pode ser preenchida pelo profissional que acolhe a vítima, dessa forma é possível evitar que a pessoa reviva o momento de sofrimento, ao contar várias vezes, para pessoas diferentes. “A revitimização submete a pessoa a novos episódios de violência, e também ajuda o entrevistador a manter o relato espontâneo da criança, e o Conselho Tutelar encaminha para a rede de apoio, pois o trabalho de técnicos é fundamental para preservarmos a vítima e fortalecermos o núcleo familiar”, completa.
Suspeita de algum caso de violência ou é vítima de algum tipo de violência? Denúncias anônimas podem ser registradas pelos canais 24h: Disque 100, Central de Atendimento à Mulher 180 ou, em casos envolvendo crianças ou adolescentes, Conselho Tutelar (18) 99821-9491.
por AI PMPE
